1984 - George Orwell

Estou de volta, depois de muitos anos, com uma resenha de um livro que me deixou em estado de choque. Sério, galera, se eu continuar nessa vida de leitor, vou ter que fazer acompanhamento psiquiátrico com anti-depressivos. Mas enfim, vamos ao que interessa: a resenha. Eu já queria ler esse livro porque me indicaram em um clube de leitura e uma semana depois, meu professor de sociologia passou a obra como leitura obrigatória para prova. Quase caí da cadeira de tanta felicidade haha


SINOPSE

Mil novecentos e oitenta e quatro oferece hoje uma descrição quase realista do vastíssimo sistema de fiscalização em que passaram a assentar as democracias capitalistas. A eletrônica permite, pela primeira vez na história da humanidade, reunir nos mesmos instrumentos e nos mesmos gestos o trabalho e a fiscalização exercida sobre o trabalhador. O Big Brother já não é uma figura de estilo converteu-se numa vulgaridade cotidiana.

RESENHA 

Enredo

O enredo de 1984 é uma mistura incrível de ficção e crítica social escancarada. O livro se tem cenário futurista, apesar de se passar em 1984. Isso porque o livro foi escrito em 1949, então na época, o livro narrava o que aconteceria dali a 35 anos. Alguns leitores afirmam que George Orwell só errou o ano, pois estamos chegando perto da realidade do livro.

Basicamente, o livro nos conta que o mundo foi dividido em três grandes continentes: Eurásia, Lestásia e Oceania. O protagonista é um cidadão da Oceania. Em todo o continente, as pessoas eram vigiadas por uma tela fina, fixa à parede, chamada "teletela". A sociedade estava dividida entre membros do Partido Interno (classe alta), membros do Partido Externo (classe média) e os proles (classe baixa e maioria da população). Winston Smith é um membro do Partido Externo, que reside na Pista Nº 1, que um dia fora chamada de Londres. 

Os membros do Partido eram sempre os mais vigiados pelas teletelas e pelo Grande Irmão - em inglês "Big Brother" - e não podiam fazer praticamente nada. As teletelas nunca desligavam e os cidadãos tinham que fazer tudo o que era ordenado por elas. 

1984 narra uma distopia, onde a manipulação midiática é a principal arma de controle do governo sobre a população. Por todos os lados, há cartazes com a foto do Grande Irmão dizendo "O Grande Irmão zela por ti." e há departamentos governamentais especializados em alterar fatos do passado, dando a impressão de que Big Brother nunca erra. A todo momento, o Partido descobre um traidor e este simplesmente desaparece e qualquer documento escrito que provasse que este traidor havia existido é alterado ou destruído, para que a pessoa seja esquecida, como se nunca tivesse nascido. 

Há a figura inventada de Goldstein e a Fraternidade, um grupo de pessoas que eram contra o poder do Grande Irmão. Na Semana do Ódio, as pessoas paravam em frente às teletelas que transmitiam uma imagem deste revolucionário e gritavam com repúdio, como em um transe. A história do protagonista "começa" a partir deste momento.   

De modo geral, o enredo de 1984 pode ser definido como angustiante. Afinal, trata-se de uma distopia. O que torna o enredo ainda mais deprimente é saber que nós corremos o risco de não estarmos longe de uma realidade parecida com aquela. Durante toda a leitura, seus sentimentos variam entre: indignação, alívio, tristeza, nojo, espanto. É um enredo extremamente pesado, carregado de crítica social. Não é pra qualquer um. 

O final do livro foi o que me deixou mais indignado. Foi uma cena engraçada quando eu terminei. Foi agora a pouco, eu estava voltando da escola, sentado em um ônibus lotado. Quando eu li as palavras finais eu olhei para a frente provavelmente muito vermelho, fechei o livro bem lentamente, respirei fundo e guardei ele na mochila. Precisei fechar os olhos, abri-los e olhar pela janela feito um retardado, porque senão eu ia puxar alguém pelos cabelos. 

Do jeito que eu escrevi, parece que o livro é ruim, não é? Pois saiba que de forma nenhuma. Com certeza, entrou para o TOP 5 de melhores livros que eu já li. Mas estou sendo sincero nesta resenha. Eu até diria que é um livro de leitura obrigatória para a vida, mas eu novamente repito: não é pra qualquer um. 

Personagens 

Winston Smith - Protagonista da história. Trabalha com a alteração de documentos históricos, no Departamento de Registro. Ele se encontra no dilema de não concordar com o poder do Grande Irmão, mas jamais poder demonstrar isso em frente às teletelas, que estão em todos os lugares. A vida dele é bem sem-graça e monótona, como a de quase todos os cidadãos da Oceania. Pelo menos até ele encontrar Júlia.

Júlia - A mulher - de caráter duvidoso - diz ser uma inimiga do Partido, assim como Winston. Porém, uma pequena passagem no fim do livro, acabou me deixando com uma pulga atrás da orelha a respeito desta personagem. Eles mal se conhecem, mas ao ajudá-la a se levantar de uma queda, o protagonista recebe um papel com certo recado. A partir daí, os dois passam a conviver, escondidos na casa de Mr. Charrington.

Mr. Charrington - É um homem que faz parte dos proles, dono de um antiquário, onde Winston comprara um diário há sete anos. Isto era altamente proibido, já que diários são um meio de se guardar informações e provar que o Partido alterava o passado. Winston nunca foi denunciado à Polícia do Pensamento pelo dono do antiquário, portanto, ele acreditou que podia confiar no homem. Alugou um quarto pertencente a Mr. Charrington, sem teletela, onde ele podia se sentir livre e podia esconder-se com Júlia. Apesar de previsível, eu fiquei muito impressionado com o que este homem faz no final da história. 

Parsons - Vizinho de Winston. Um rapaz repugnante, gorducho e fedorento à suor o tempo inteiro. Criou duas crianças que são verdadeiras pestes. Fazem parte do grupo de Espiões, que são crianças que denunciam qualquer ideia criminosa ou pessoa suspeita à Polícia do Pensamento. Não tem papel importante na história. 

O'Brien - É um membro do Partido Interno. Durante a semana do ódio, os olhares dos dois se encontraram, fora do transe que fazia com que todos esbravejassem contra Goldstein e sua imagem na teletela. Winston acredita que aquilo poderia ser um sinal de que, assim como Júlia, O'Brien também era um inimigo do Partido, infiltrado no meio de todos os alienados. Um pouco depois do meio da história, ele decide confiar em O'Brien, que confessa ser um membro da Fraternidade, o grupo que ia contra o Grande Irmão. Este foi outro personagem que me deixou impressionado. 

Grande Irmão - Não se sabe se esse homem realmente existe ou é apenas uma grande invenção do Partido, para fazer com que o povo aceitasse todas as decisões. Eu, particularmente, creio que o Grande Irmão não exista. Você deverá tirar suas próprias conclusões ao ler. De qualquer forma, ele só aparece simbolicamente no livro. 

Escrita

Se você lê livros de literatura clássica, você consegue ler 1984 tranquilamente. É muito bem escrito, com vocabulário rico. Há ainda, a adição de novas palavras como "teletela", "crimidéia", "falascreve" e outras que fazem parte do cotidiano em 1984 e da Novilíngua, que era um idioma inventado pelo partido a fim de reduzir cada vez mais o vocabulário das pessoas, evitando o pensamento elaborado de rebelião. Não espere uma leitura simples como se vê em sagas do tipo "Harry Potter", "Percy Jackson" e "Jogos Vorazes". Esse é um daqueles livros que se lê com um dicionário ao lado, se você não for acostumado com obras de vocabulário rico. 

Recomendado para...

-Pessoas que gostam de política. É um crime você querer aprender sobre política sem ler 1984. 
-Pessoas que gostam da sociologia e qualquer estudo ligado ao homem na sociedade atual. 
-Pessoas com visão crítica. A respeito da mídia, principalmente.
-Pessoas que gostam de livros com cenário angustiante e/ou final triste/chocante. 
-Pessoas que gostam de livros inteligentes.
-Pessoas que gostam de enredos pesados. 

Nota do tio Biel 
(de 1 a 100)

É importante ressaltar que as opiniões sobre qualquer livro variam muito e minha nota não deve ser considerada na hora de você escolher se vai ou não ler o livro :D  

Nota 97


Título original: 1984
Gênero: Distopia, Ficção
Idioma original: Inglês 
Publicado em: 1949

O livro tem duas adaptações para o cinema. Uma é de 1956 e a outra de 1984. Só encontrei a de 1956 na internet, mas a de 1984 foi bem mais fiel.