"E nossa história não estará pelo avesso assim sem final feliz. Teremos coisas bonitas para contar.E até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer. Não olhe pra trás apenas começamos,o mundo começa agora"
E eis que aqui teremos um post especial, que não contará com resenhas ou sínteses alguma mas sim, com uma dica de evento! Isso mesmo, vejam que demais!
Um colega meu dos Encontros de Semideuses da Baixada Santista organizou um evento maravilhoso, o qual tem o propósito de incentivar a leitura que se torna cada vez mais escassa nesse nosso mundo. É um evento SEM FINS LUCRATIVOS, no qual quem pode, leva livros para doação e, quem não pode, os recebe. Ajude-nos a espalhar conhecimento (e aproveitem para fazer amigos! ♥) nesse ato que deveria ser partilhado por muitos.
Essa será a primeira edição - e, esperamos, uma de muitas - realizada no Quebra Mar, um ponto bastante conhecido da região. Por favor, não deixem de comparecer.
Endereço: Quebra Mar - Av. Presidente Wilson, José Menino.
CEP: 11320-030
Santos - SP Data: 03 de Agosto de 2014 Horário: das 14h00min às 17h30min
OBS: Caso chova, o evento será adiado para a próxima semana, afinal, e um local à céu aberto.
E após uma maravilhosa noite de sono e muita reflexão, seguro o final da manhã firme na palma da mão e uso todos os raios solares que entram pela janela e pela fresta da porta a meu favor. O cheio do almoço na casa da vizinha invade o pequeno cômodo no qual me encontro, e uma música exageradamente alta da casa da frente me tira um pouco a concentração. Fixo toda a minha atenção no que desejo compor, esperando com todo o coração ter sucesso.
O amor que recentemente adotei por nossa literatura não permite fazer qualquer outra síntese, senão a de mais um clássico: O Guarani, de José de Alencar, que foi publicado pela primeira vez em folhetim, como pedia a época e depois passado para livro, quase sem alterações.
SÍNTESE
"A velha índia fitou-o com olhos muito tristes.
Depois, sem olhar para trás, partiu.
Peri tinha escolhido ficar, para cuidar de Ceci."
Quem nunca ouviu falar de Peri e Ceci, não deve ter muita experiência com o mundo dos livros, pois é umas das mais famosas obras de literatura e a mais importante de José de Alencar - com exceção, talvez, de Iracema. O enredo é dividido em algumas partes importantes, mas todas acabam se voltando para a devoção de Peri - um índio, da Tribo goitacá - por Ceci, uma mocinha branca. Mas vamos começar do -começo, como o óbvio sugere.
Em meados do século XVII, quando nosso país ainda era uma das colônias de Portugal, três amigos europeus vieram para o Brasil como representantes e eis que um acontecimento inesperado faz com que um desses três, o missionário, deixe a cobiça falar mais alto e - passando por cima de todos os seus preceitos - parte em busca de um tesouro, porém que não lhe pertence.
Esse missionário, agora pelo nome de Loredano, se infiltra no meio dos cavaleiros de D. Antônio, um senhor que há algum tempo ganhou posse nas nossas terras, para poder conseguir alcançar sua meta e se vê apaixonado pela filha de seu senhor, D. Cecília, uma loirinha delicada e muito disputada. Ele a deseja só para si, e muito faz para tê-la, porém toda a fidelidade que o índio tem pela moça não permite que nenhum mal lhe aconteça.
Ainda existem vários fatores importantes: a guerra que os aimorés travam contra a família de D. Antônio; o amor incondicional e secreto que Isabel nutre por Álvaro, o noivo de sua prima, Cecília; todo o mal que Loredano e seus comparsas planejam para D. Antônio e sua família, etc, etc.
Por toda a parte está Peri, prestes a servir sua senhorinha, e apesar de não ser retratado como mais que um menino-homem, age como um. Não tem como prolongar esse lengalenga sem contar mais detalhes e, assim, tirar toda a graça da obra. Não me arrependo de, em um dia no qual a chuva caÍa vagarosamente e em pequenas quantidades do céu, ter decidido descobrir mais a fundo o porquê de tantas pessoas me indicarem o mesmo livro... e aqui deixo indicado a vocês, idosos, adultos, jovens, crianças, qualquer um que seja mestre na arte da leitura.
" - Por que me chamas Ceci?
- Porque Ceci é o nome que Peri tem dentro da alma. "
Título Original: O Guarani
Idioma: Português
Gênero: Romance brasileiro
Ano de Lançamento: 1857
Houveram várias adaptações inclusive em cinema mudo e ópera.
E depois do que se pareceu uma eternidade, sento-me diante dessa máquina de escrever moderna e encaro as teclas, sem nenhuma inspiração que me possa ser útil. Quem sabe, se esses aparelhos fossem menos sofisticados, eu me desse melhor com os dito cujos. E como diria aquela velha frase que todos conhecem: um dia frio, um bom lugar para ler um livro e - acrescento minhas próprias palavras aqui - uma xícara de café (que no meu caso, torne-se chocolate quente).
Sem mais delongas, venho apresentar alguns resultados de minhas leituras mais recentes, e me resolvo por começar com um clássico literário de nossa pátria que - um dia - foi amada.
***
O livro me olhou com suas páginas amareladas. Eu o encarei e o segurei entre meus - nada - delicados dedos: nos apaixonamos.
SÍNTESE
"Um moço e uma moça, porém, andavam como se costuma dizer, solteiros; cem vezes dela se aproximava o sujeito, mas a bela, quando mais perto o via, saltava, corria, voava como um beija flor, como uma abelha ou, melhor, como uma doidinha. Eram eles D. Carolina e Augusto."
O centro deste universo de poucas páginas é a pequena Carolina, cujo temperamento forte não permite que ela se assemelhe a qualquer outra citada no romance. Tudo começa quando Filipe - irmão da nossa garota - faz um convite a seus inseparáveis companheiros do curso de Medicina, convidando-os a passar o feriado de Sant'Ana um uma belíssima ilha, na qual sua avó tem propriedades. Como não recusam meios de se divertir, aceitam de imediato, com exceção de um: Augusto. Mesmo depois de todas as promessas de que haverão muitas moças bonitas a sua espera, este diz não ser um romântico e é neste ponto que surge o que será a alavancada para o resto da trama: a aposta.
Eis que depois de se entenderem, todos partem para um fim de semana cheio de traquinagens e corações acelerados e então Augusto encontra os três principais objetos de derrota de sua aposta: D. Joana, de dezessete anos, madeixas escuras, olhos negros e pele pálida; D. Joaquinha - a que chamam Quinquina -, uma loura bem aperfeiçoada de olhos azuis e pele rosada, um ano mais nova que a primeira; e D. Carolina, de apenas 14 anos, uma graciosa moreninha.
Cada vez mais imerso em seus pensamentos, Augusto se vê prestes a quebrar uma promessa muito importante de seu passado, tal promessa que foi feita para uma vida inteira; todos o julgam tratar o amor por uma coisa sem mais importância, porém nenhum presente sabe o motivo de seu comportamento.
Ao longo da história, descobrimos que o rapaz tem bons argumentos a seu favor, mas também que seu coração amolece diante da encrenqueira Moreninha - que, por sua vez, nutre sentimentos semelhantes para com o moço.
Em meio a todas as aventuras, fofocas, segredos não tão secretos, águas mágicas e uma bondosa senhora capaz de ouvir suas lamurias do passado, nos comprometemos com o livro de uma maneira séria, sem podermos renunciar esse matrimônio até que a última página nos separe. Repleto de personagens magníficos e de personalidade própria - um bom exemplo é D. Joaninha - com um cenário estupendo e com referências a lendas e culturas locais, A Moreninha me vez ver com outros olhos o significado de um breve...
A indicação fica para os amantes de nossa literatura e para aqueles que gostam de um romance à moda antiga, sem tantos frufrus. A escrita da obra original é um tanto complicada devido a época, todavia nada que algumas consultas ao dicionário não possam resolver. Não me atrevo - não mais - a dizer que qualquer livro seja mais perfeito que o outro, entretanto de uma coisa tenho certeza: este é simplesmente único.
"Lá, bem às escondidas, ela derramou uma lágrima. Doce lágrima... era de prazer."
Título original: A Moreninha Gênero: Romance; literatura brasileira. Idioma: Português Ano de lançamento: 1844
Abaixo o filme, que é uma das muitas adaptações da obra:
Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir.